Em busca da inclusão de pessoas surdas na escola comum

Capa da publicação - Imagem: Reprodução
Elaine Gonzaga
Raíssa Anselmo
Rosivaldo Santos

   
Quando pensa-se em educação para crianças, jovens e adultos com deficiência auditiva total nas escolas comuns, pensa-se logo nos desafios enfrentados por estes estudantes e professores, e como as escolas estão se preparando ou como estão preparadas para recebê-los. E é mais polêmico ainda quando esse debate envolve o tema de metodologias pedagógicas que sejam inclusivas e que levem os estudantes a uma integração com a comunidade escolar. 

Sendo assim, neste post vamos falar um pouco sobre a publicação: Atendimento Educacional Especializado – Pessoa com Surdez, de 2007, lançada no período do Governo Lula com o propósito de contribuir para formação Continuada a distância de professores para esta área de educação especializada. Este texto faz parte de uma política de educação inclusiva, desenvolvida pelo Ministério da Educação visando a complementação da formação do aluno e não a substituição do ensino regular. 

Nosso objetivo é apresentar por meio desta publicação como essa questão está sendo desenvolvida no nosso País e indagar questões referentes ao tema. 

DEBATENDO A INCLUSÃO

No capítulo 1 da publicação é abordada a questão do preconceito com as divergências entre os pesquisadores e estudiosos que defendem a inclusão no ensino regular normal e os que defendem a tratar respeitando as diferenças. Aqueles que defendem a cultura, a identidade e a comunidade surda apoiam-se no discurso das diferenças, alegando que elas precisam ser compreendidas nas suas especificidades, porém, pode-se cair na cilada da diferença, como refere Pierucci (1999) que em nome da diferença, pode-se também segregar.

Além disso, o texto também fala que é primordial aperfeiçoar a escola comum, destacando que a Língua Brasileira de Sinais (Libras)  não é suficiente para escolarizar o aluno com surdez. Desta forma, a escola comum, precisa implementar ações que tenham sentido pra os alunos em geral e que esse sentido possa ser compartilhado com os alunos com surdez. Portando, os ambientes educacionais precisam ser elaborados de forma a desafiarem o pensamento e a capacidade de raciocínio em todos os sentidos.

BILINGUISMO

No capítulo 2, observa-se a deficiência no que diz respeito a capacitação de professores bilíngue, ou seja, que domine a língua de sinais e a língua nativa. Também é avaliado que se demora para formar um professor com surdez. Nesse mesmo capítulo, aparece o Decreto 5.626/05 que regulamenta a lei de libras e prevê a organização de turmas bilíngues, ou seja, turmas formadas por alunos surdos e ouvintes, onde a língua de sinais e a língua portuguesa devem ser utilizadas no mesmo espaço educacional

Ainda de acordo com o Decreto, as instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior.

A inclusão nas escolas não é um problema atual, pois, a luta pelo espaço para crianças com surdez é contínua. Dentro de alguns fatores que dificulta a compreensão da inclusão na educação é, tornar a escola comum uma escola bilíngue, para quê crianças com surdez passem a conviver com outras crianças. Assim sendo, o grande impasse a ser enfrentado é romper os confrontos na relação da diferença.

ATENDIMENTO ESPECIAL

No capítulo 3 da publicação, o atendimento especializado para pessoas com surdez é abordado mostrando como é seu funcionamento. De acordo com o textoo planejamento do Atendimento Educacional Especializado é pensado e realizado conjuntamente pelos professores que ministram aulas em Libras, professor de classe comum e professor de Língua Portuguesa para pessoas com surdez, seguindo a divisão de um trabalho pedagógico que versa em três momentos:

1 – O conteúdo curricular de aula é repassado em Libras para os alunos todos os dias;
2  - O alunos tem aula de Libras, com aquisição de termos científicos em Libras;
3 – E o ensino da Língua Portuguesa, no qual são trabalhadas as especificidades dessa língua para pessoas com surdez diariamente.

O capítulo 4 apresenta a função do intérprete / tradutor  de Libras e Língua Portuguesa em sala destacando que é um trabalho realizado em um pequeno espaço de tempo (interpretação consecutiva) da Libras para o Português ou deste para a Libras. A tradução envolve a modalidade escrita de pelo menos uma das línguas envolvidas no estudo.

Apesar desta publicação ser antiga, esses questionamentos ainda são pertinentes. Ainda falta mais qualificação para os professores e metodologias mais eficazes, bem como estrutura tanto em escolas particulares e principalmente nas públicas, que contribuam para uma verdadeira integração escolar. Como citado no texto, uma cultura bilíngue entre os surdos não é garantia de uma educação eficaz. Dizer que um surdo não tem capacidade para aprender é a afirmação que meu método de ensino é ineficaz para ensinar.

Com isso, surge diversas indagações, como:  por que as escolas não ampliam o aprendizado de Libras para todos os alunos? Por que não incorporar para todos os alunos a cultura do surdo para que ele se sinta mais integrado? Essa incorporação complicaria ainda o aprendizado deles e de todos ou ajudaria numa maior integração?

É claro que os questionamentos são muitos, e diante de pesquisas e opiniões vamos caminhando para mais descobertas e debates. Deixe seu comentário ou experiência sobre o assunto. Dívida e debata conosco esse tema.

  Referências:

  BRASIL. Constituição (1988). Decreto n° 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da República F e d e r a t i v a d o B r a s i l , B r a s í l i a , D F , 22  dez. 2005. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>. Acesso em:02 ago. 2017.

  DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo. Atendimento Educacional Especializado – Pessoa com Sudez. In: Formação Continuada a Distância de Professores para o Atendimento Educacional Especializado. Curitiba: Gráfica e Editora Cromos, 2007. Anais... Brasília: MEC, SEESP, 2007. Disponível em:< http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me004704.pdf. Acesso em: 27 jul. 2017.

 PIERUCCI, Antonio Flávio. Ciladas da diferença. São Paulo: Editora 34, 1999.

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